Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza
Vazia – A.T.A, 2012, Solar da Baronesa, UFSJ, São João del-Rei, MG, Brasil.
Sobre
o Worshop KAZA VAZIA.
Primeiro
foi o atraso. Fim de período que não deixa nada parado no lugar.
Arrasta tempo livre para bem longe. Com cena de conclusão de período
e lama até depois do pescoço não deu. Atrasei, entrei em KAZA
tempo tarde. Bato na porta e a ansiedade me faz querer voltar. Voltar
mesmo, ir embora. Poderia ter perdido muito com o atraso. Já me
ouviram. Foi-se o tempo, não literalmente.
Entro.
Sou bem recebido. Sorrisos, conversas e mesa, mesa não MEZA. Gente
na meza que conta quem é, de onde vem e o que espera... o que
esperar de uma entrega ao que não se conhece. Confesso que não
pesquisei nada antes. Tive acesso e o mandei calar. Não quis saber
nada. Queria uma experiência ali. Minha por completo e
forte.
Apresentações,
interesses, pesquisas e pessoas diversas. Exercício equilibrado,
agora literalmente. E cama. Ou quase ela. Colchão ou o que trouxera
no chão. Em cima deles pernilongos, estes muito. Quase sempre. Luz
de celular nos olhos, pernilongos no que não for olhos. Calor e
pernilongos. Barulhos e pernilongos. Sede e pernilongos. Durmo de
cansaço, ou excesso de picadas de pernilongo que são irmãs.
Acordamos. Nem todos estão onde os lembrava. Café chega não sem
problema. Falta café, falta açúcar, falta coador. Falta o café,
em seu sentido mais gordo. Café em frente á igreja,, estranhamento,
sorrisos, convites, contatos. As pessoas chegam tímidas. Pensam no
lugar, no café. Resistem ao convite de caneca no lábio. Resistem
inteiras que são em suas certezas mortas de não querer bebida morna
descendo no peito. No peito de quem fez café pensando no encontro.
Encontro com o outro que passa e fica. Mas se vai, não vai sem
tempo. Pena que café é esse em beira de igreja que espera almoço.
Turista chega e pensa em cortesia. Morador atravessa e pensa em
pecado. Se Jesus existiu tomou café com fome. Não café nosso feito
agora. Mas comeu de manhã por que cedo é que a fome passa.
Conversamos e descobrimos o outro. Suas caras, casos e copos. Seus
quereres. Becos. Natureza morta na janela de senhora, cachorro e
bananas. Compraram elas e seus queijos companheiros de cesta.
Voltamos para o espaço que nos aprisiona?
Em
KAZA chega a hora de pensar na cidade. Lugares afetivos de trazer na
cabeça e de querer despejar sobe papel não liso. Escrevo ideias e
as vejo em papeis. Ideias saem, a comida falta. Almoço tem que ser
fora de KAZA. Encontro bom para causar novos encontros. Almoçamos no
bar da esquina. Bar de esquina no melhor sentido. Comida boa, mas não
com pressa. Demora feito negociação pra ser barata. Sai pratos
quentes vazios de fome que acalma com suco, refrigerante e cerveja.
Amigos chegam, não se prende na corda laranja, mas dela tomam.
Dividem a meza. A Meza tem samba. Mulher que canta pra violão de
amigo. Amiga também toca pandeiro e chega gente pedindo canção de
lembrança velha. Boa e velha a comida aponta lá. Os pratos estão a
postos para receber alimento bom. Comemos, comida de KAZA. Demora por
ser feito a mão de casa, explica a atendente, garçonete e
proprietária. Fartos encontramos dona dos doces. Doces histórias de
contar em Minas. Minas de histórias pra contar agora. Seguimos para
conhecer espaços sanjoanenses. Mostrar a cidade para aqueles que
vieram nos apresentar sua KAZA. Ainda presos por onde se escolhesse,
menos pelo não querer. Descobrimos como é grata a companhia da
liberdade.
Voltamos
para KAZA. Chega hora de falar de ideias, contar sua cidade,
relações, experiências, vontades de fazer. Uns as tem em penca
outros guardam para mais tarde que depois vem. Saímos para ver
lugares de ações possíveis. Praça com matilha de senhora boa.
Cães diversos, encontros capazes. Ponte. Descubro que é necessária.
Quase inviável pular tão longe. Cair em água feia pra contar
depois. Melhor treinar indica um deles. Sua experiência em subir
paredes tão altas me aconselha que risco é tolo. Melhor treinar,
pensar espaços. Rever conceitos e depois se arriscar. Lembrei de
frase antiga contada por alguém sem rosto: Gosto de surpresas, desde
que eu esteja preparado!
Seguimos
pelas pontes, novos lugares, entulhos. Igrejas altas, casamentos
caros. Carros. Menina de rosa, sapato no muro, foto estranha de
chamar passantes. Voltamos. Meza de batatas. Meza Balkan. E cama
depois de meza.
Cama
pra manhã que chega logo e pede ação. Ultimo dia aponta longe e já
causa desconforto. Angustia de querer saber mais sobre essa KAZA
VAZIA. Conversas boas de saber ser gente boa. Sono. Acordamos com
plano feitos. Café na ponte sem cemitério. Encontros com quem não
toma café na rua, mas pergunta. Cronograma que muda conforme o
gosto. Antecipa que iremos até a biquinha. Portfólio de artista faz
nascer sombra de ideia. Ideia boa de marcar chão de sombra arteira.
Foge daqui a pouco pedindo novo encontro de gesso. Subir na sombra,
subir em postes. Subir em árvores. Mastro chinês que mais parece
Poli Dance de menino magro. Pula no braço de amigo que confia agora
pouco. E pula rio deixando do lado de cá quem fez proposta. Escreve
rótulo que decepciona. Um prefere obedecer o rótulo pintado em
branco em beira de lá. De lá perto de supermercado que entra fácil.
Frutas, comidas de domingo.
No
almoço de domingo vem comida boa. Moqueca temperada. Dividida em
duas pra quem não se acamarona! Tomate, camarão fininho, temperos e
suco. Para cozinhar é comida baiana não precisa nascer em terra
nossa. Meza posta, comida farta, preguiça gorda. Ninguém quer
ficar, ninguém se vai. Conversa que o tempo rala e a tarde de
piscina em praça já se anuncia. E vamos. Tudo pronto se comprado ou
feito. Arma-se piscina buscada em casa de menino quieto que sobe em
postes. Sol e chapéus na cabeça. Guarda-sol, esteira e gente.
Menina linda que aproxima e traz família. Traz cadeira, come
biscoito bom pra todo mundo achar. Bebe-se suco. Agua, brinca-se com
bola de visita tímida. Registra piquenique na relva de quem tem
pressa. Dia acaba. KAza mais cheia. Conversa. Ninguém que chegou
desconfiado quer embora. Esquece o texto, esquece o beco. Não, esse
vira promessa de ser ocupado. Vou embora com querer ficar. Vamos
embora com certeza grande de lembrar do encontro. Encontros que me
fazem pensar em tudo. Bom dia pra morrer na noite.
Luís
Firmato.
Como
é bom saber que vivi um experiência dessas. Obrigado Ines Linke,
Adriana Nascimento e Gedley Braga pela iniciativa e
oportunidade.
Aos
artistas do KAZA VAZIA obrigado pela educação e por serem tão
acessíveis. Obrigado ao Flávio CRO, por mostrar que subir podemos,
mas não sem planos e metas. Ao Rafael Perpétuo por preencher a KAZA
com muito do que ela precisa e ao Marconi Marques por, com calma e
tempo próprios, contagiar os outros.
Aos
meninos da arquitetura Mario, Felipe Andrade e Igor um abraço
grande. Muito importante saber que vocês me aceitaram sem
preconceitos ou marcações. Tenho amigos da arquitetura sim.
Ao
Weverton obrigado por respeitar nossas diferenças nas pesquisas e
por se permitir conhecer novos caminhos.
Que
venham as próximas KAZAS, INTE/LOC/AÇÕES EFÊMERAS!
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza
Vazia – A.T.A, 2012, chegado Solar da Baronesa, UFSJ, e na cidade de São João del-Rei.
Ações de projetos anteriores a residência no Solar da Baronesa, UFSJ.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia – A.T.A, 2012, primeiro jantar no Solar da Baronesa, UFSJ.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza
Vazia – A.T.A, 2012, arrumando a casa, Solar da Baronesa, UFSJ.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza
Vazia – A.T.A, 2012, o próprio Solar da Baronesa, UFSJ.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia – A.T.A. Kafé da Manhã, 2012, mesa de café da manhã posta no pátio da igreja e compartilhada com os passantes, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia – A.T.A., 2012, chapéu posto na porta do Solar da Baronesa, UFSJ, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia – A.T.A. Almoço Amarrado, 2012, saída amarrada do Solar da Baronesa, UFSJ, para almoçar nas ruas de São João del-Rei, MG, Brasil.
Apresentando ideias.
Grupo Poderoso!
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia – A.T.A. Kafé da Manhã, 2012, mesa de café da manhã posta nnuma das passarelas e compartilhada com os passantes, São João del-Rei, MG, Brasil.
Luís Firmato encarando o futuro!
FIRMATO, Luís. Sem Título, Laboratório Kaza Vazia – A.T.A., 2012, performance com cavaletes e placa de compensado, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza
Vazia – A.T.A, 2012, investigações espaciais, Solar da Baronesa, UFSJ, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia, A.T.A, 2012, ações de reutilização do espaço urbano, desenhos de sombras com gesso e deslocamento de lixo e gravetos encontrados, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia, A.T.A, 2012, ações de reutilização do espaço urbano através do corpo, São João del-Rei, MG, Brasil.
MARQUES, Marconi. 2012, apropriação de mensagens de rótulos de embalagens e transferência das mesmas através da escrita no chão, São João del-Rei, MG, Brasil.
MARQUES, Marconi. 2012, ação de montaria, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia – A.T.A, 2012, almoço no Solar da Baronesa, UFSJ.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia, A.T.A, 2012, ações de reutilização do
espaço urbano, piquenique com piscina, São João del-Rei, MG, Brasil.
espaço urbano, piquenique com piscina, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza Vazia,Meza Vazia, A.T.A, 2012, roda de discussão, São João del-Rei, MG, Brasil.
Coletivo Kaza Vazia, Workshop 3 – Laboratório Kaza
Vazia – A.T.A, 2012, ações no Solar da Baronesa, UFJS, e na cidade de São João del-Rei.
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