sexta-feira, 8 de março de 2013

Torpedo



CRO, Flávio. Torpedo, 2012 à ..., working in progress-arte postal, apropriação de postais e mensagens de texto de celular, transcritas e reenviadas para o remetente, frente e verso de um dos postais, 15 x 10cm, coleção privada? 


Se "de apropriar a intervir há um a" aqui o faço de imagens e memórias. Das primeiras por ocasião de encontros, das segundas por terem-me sido presenteadas. Já algum tempo coleciono ambas sem saber ao certo que destino dar a elas, sem que seja o aterro ou a reciclagem. Por fim, por ocasião de útil e agradável, já antevendo esse meu "abandono" do ato fotográfico, por tamanho arsenal imagético me desorientar - mas como aqui se encontram fotografadas, será que foram "abandonadas"? -, passei a transcrever essas palavras, que narram pequenos trechos da minha história, bem como a de meus amigos(as), para postais, os quais possam ser ligados a algum traço de suas personalidades, ou a gestos irônicos - como o de devolver as mensagens de minha operadora de celular, para a mesma num postal de sua concorrente - tal ironia não deixa de estar presente no momento que devolvo a alguém as mesmas palavras me que deram, preservadas em forma de arte, algo estranho o suficiente para ir parar em alguma lixeira. Ou quem sabe somente queira passar a outrem o peso de se responsabilizar por essa história... A conclusão de poucas delas sei, pois após saírem de minha mãos, retornando aos "legítimos donos", cumprem sua função de arte, sendo re ou significadas por outros que agora tal produto controlam. Se há alguma curiosidade podem ver aqui, se outras, talvez vejam por ai. Sim é pequeno, assim como a história de cada um: menor do que contamos, maior do que contamos em lembrar. 

CRO, Flávio. Torpedo, 2012 à ..., working in progress-arte postal, apropriação de postais e mensagens de texto de celular, transcritas e reenviadas para o remetente, 15 x 10cm, coleção privada.




CRO, Flávio. Torpedo, 2012 à ..., working in progress-arte postal, apropriação de postais e mensagens de texto de celular, transcritas e reenviadas para o remetente, frente e verso de dois postais, 15 x 10cm, coleção privada. 



terça-feira, 5 de março de 2013

Belmiro


CRO, Flávio. Página Branca/Página Preta, 2012, páginas centrais no Zine Belmiro, #0, 21 x 29,5cm (aberto).

Iconoclastia, zombaria, putaria, povera, bulimia, bruta, de rua e todo esse conceitualismo que possa ser escarrado no ventilador. O discurso é incapaz de acompanhar a ação! Nem sei a quantas mãos foi, mas se é para movimentar, aqui é que se faz acontecer a verdadeira guerra contra a estética citadina, de onde sai aos solavancos o que se esconde por baixo dos panos, do que é varrido para as latrinas pela sociedade Belo Horizontina, tão cara ao que, sua elite, chama de Arte. O quanto já vimos os revoltosos se transformarem nas elites tradicionalistas e formatadas mineiras é incomensurável! Pois como se foi escrito no modelo "sequestro" na Bienal: "a arte deve ter o direito de se arriscar a ser ruim". Arte com "a" minúsculo, pois o que importa não é o ser bom ou ruim, mas sim o bater do martelo, do prego no ego, daquilo que poucos de nós seremos os juízes, do feroz tempo, que a tudo devora sem pausar um só momento... Pois a melhor parte de se pertencer a elite é zombar de si mesmo! 























 CRO, Flávio, DESALI, Warlei, Froiid, et al. Belmiro: the blind man, 2012, páginas  do Zine, #0, 21 x 15cm.




segunda-feira, 4 de março de 2013

Sampa, Mantra!


SHIMA, Programa Pipa Musical, et. al. Mantra, 2012, ação envolvendo música experimental com instrumentos sonoros e balões recheados com frases, Mobile Radio, 87,5 FM, 30ª Bienal de São Paulo, Brasil.

São Paulo! Depois de muito tempo longe colocar os pés nessa floresta de concreto é algo arrebatador! A pulsão cultural da mesma é algo que parece infindável, impossível visitar todos os seus eventos culturais. passar por alguns deles nos dá a ilusão de que, no Brasil, se investe em cultura...

O foco foi a 30ª Bienal, na qual, pela primeira vez fui realmente contaminado, a ponto de revisitá-la três vezes. Com a ironia presente em diversos trabalhos me identifiquei prontamente, ri e por trás dos sorrisos questionei ferozmente a própria chacota, chibata, chicota, que chamamos de Arte. Obcecados e obstinados muitos artista cobriram as paredes com pesquisas nas quais entregaram  anos de sua vida. 
Visitar a Bienal de São Paulo faz parecer boba a crença de que arte não têm público. Quantas mil pessoas por ali eu não sei, mas sei que eram mais do que o suficiente para tomar aquele espaço de curiosidade, de desgosto e de desejo. Dos seguranças que se divertiam com pequenos sustos ao surpreender os visitantes em labirintos difusos, aos artistas que transitavam incógnitos, a Bienal é um imenso palco no qual o Sistema da Arte se firmou, patrocinando a chance de cada personagem desempenhar seus diversos papéis.   




Cadu Oliveira, instrumento sonoro com partituras feitas com jogos premiados da loteria.
Um parente do meu
"Vivendo de Ar..."
http://flaviocro.blogspot.com.br/2011/01/vivendo-de-ar.html













Impressões fotográficas marcantes da 30ª Bienal de São Paulo.

Catedral Ortodoxa, Paraíso, São Paulo

Monumento em frente a Catedral Ortodoxa.


Parque Trianon, MASP, São Paulo.

Av. Paulista, São Paulo.

Atuando nesse grande palco da Bienal encontrei, no papel de visitante, meu amigo e colega de personagem  Geraldo Peixoto, além do amigo,  Shima, desempenhando como ninguém o papel de artista convidado, pelo programa Pipa Musical da Mobile Radio, 87,5 FM, da 30ª Bienal.

Shima - que é um dos poucos artistas que posso realmente dizer que faz valer o discurso de plataforma, dentro da arte, embora nunca o tenha visto proferí-lo - nos deslocou da posição de visitantes para a de participantes/construtores de uma ação musical, a qual denominou Mantra, nos possibilitando nossa primeira experiência de atuar, pelas tangentes - abertas também pela Mobile Radio -, dentro desse já tão institucionalizado evento.

Íamos impregnando o ambiente de balões recheados de palavras e de explosões inesperadas, tão logo, a música já ia se fazendo através desses ecos assustadores no pavilhão. Enquanto alguns abriam as portas, da rádio, para libertar o som, ouros passantes a fechavam, enclausurando-o, ou não... Balões, vozes e instrumentos foram se confundindo nos microfones da rádio, transformando-se em ondas que viajavam no ar e eram traduzidas em headfones dentro da Bienal, mas que não se limitavam aos mesmos; escapavam para fora daquela construção, buscavam saída nos equipamentos dos 
construtores da paisagem daquela cidade, que não recusaram ou que simplesmente encontraram sua sintonia. A transformação dessa ação estética, física, numa construção estética, sonora, quase que etérea, será, por mim, mantida viva dentro das preciosidades da memória...

















SHIMA, Programa Pipa Musical, et. al. Mantra, 2012, ação envolvendo música experimental com instrumentos sonoros e balões recheados com frases, Mobile Radio, 87,5 FM, 30ª Bienal de São Paulo, Brasil.