segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Cubo


CRO, Flávio. Sem Título, 2013, objeto, fardo de papelão? recoberto com laminado prata e engaiolado, 35 x 30 x 30cm, coleção privada.

Como Nasce uma Obra

Um fardo que refletisse o nosso próprio fardo, um cubo que refletisse nosso ser "quadrado", um fardo engaiolado que engaiolasse também nossa própria reflexão, que nos transportasse, mesmo que em imagem, para dentro dessa prisão...

A partir dos fragmentos acima fui construindo o trabalho apresentado no Leilão especial da Piolho Nababo: Fardo de Aarão; parte do Projeto Tangente: O Cubo Reinventado. A convite dos artistas Desali, Froiid e Daniel Toledo, que por sua vez foram convidados pela curadoras Inês Grosso e Marina Câmara, tomei posse de um dos fardo de papelão, dessa proposta, com o intuito de transformá-lo num objeto de arte leiloável ao quilo, mas sem limites para a intervenção!

Dos participantes que me recordo: Flávio CRO, Desali, Cleverson Salvaro, Sara Lambranho, Camila Buzelin, Xeréu, João Maciel, Nahama Baldo, dentre outros...


Ao receber o convite estava muito envolvido na preparação e montagem da exposição Através do Espelho, que consistiu numa instalação de papéis laminados prata - material que a anos me fascina: http://flaviocro.blogspot.com.br/2010/05/exposicao-10-galeria-da-cemig-diario-da.html -, colados às janelas da Passarela Cultural do Anexo da Biblioteca Pública Estadual Professor Francisco Iglésias - http://flaviocro.blogspot.com.br/2013/05/atraves-do-espelho.html



O projeto foi selecionado pela iniciativa do edital de ocupação da sede do Grupo Espanca! Ao chegar, apresentei minha ideia de cubos sob cubos, de recobrir o cubo de papelão com os mesmos laminados pratas que usaria na instalação, numa releitura dos cubos de Robert Moris, mas ao mesmo tempo contei sobre um novo trabalho que venho desenvolvendo, que consiste em livros engaiolados. Presto! No mesmo instante um raio fustigou a cabeça de Desali, que apoiado prontamente pelo Froiid, me sugeriu a potência da imagem do cubo engaiolado! Nasceu assim o trabalho leiloado, através da conexão entre ideias, artistas e trabalhos.



Leilão especial da Piolho Nababo: Fardo de Aarão, 2013, leilão de cubos de papelão, no quilo, retrabalhados por diversos artistas. Teatro Espanca, Belo Horizonte.
Fonte: 
https://www.facebook.com/pages/PIOLHO-NABABO/210535522351384?id=210535522351384&sk=photos_stream


Leilão especial da Piolho Nababo: Fardo de Aarão, 2013, leilão de cubos de papelão, no quilo, retrabalhados por diversos artistas. Teatro Espanca, Belo Horizonte.
Fonte: acervo do artista.


Leilão especial da Piolho Nababo: Fardo de Aarão, 2013, leilão de cubos de papelão, no quilo, retrabalhados por diversos artistas. Teatro Espanca, Belo Horizonte.
Fonte: acervo do artista.

Leilão especial da Piolho Nababo: Fardo de Aarão, 2013, leilão de cubos de papelão, no quilo, retrabalhados por diversos artistas. Teatro Espanca, Belo Horizonte.
Fonte: 
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151484411713283&set=t.1139535497&type=3&theater

Leilão especial da Piolho Nababo: Fardo de Aarão, 2013, leilão de cubos de papelão, no quilo, retrabalhados por diversos artistas. Teatro Espanca, Belo Horizonte.
Fonte: 
https://www.facebook.com/pages/PIOLHO-NABABO/210535522351384?id=210535522351384&sk=photos_stream

Dita Bom

A discussão do cubo branco, já histórica na arte contemporânea e "clássica" desde a publicação de No Interior do Cubo Branco de Brian O'Doherty é apropriada e reencenada pelos artistas instigados pela dupla de curadoras. A eles foi proposto e aceito, o desafio de re-trabalhar um tema já fustigado por aqueles "heróis endeusados" pela Grande Arte.

Nesse sentido é sempre sintomático escutar que: "o que é bom é bom! Bom é o que é bom!" E o que é ruim não é bom? Esses ecos da ditadura do bom gosto, vivos na boca de muitos, dois séculos após a morte de seus primeiros defensores, levam a uma crença na consolidação, coerente, da forma e da experimentação, nos tão assustadores "estilo do artista" e "ditadura experimental". Presos a sua bolha de pureza, os discursos, mantém-se longe das pragas mundanas, da possibilidade de falhar de se contaminar, de migrar do micro para o macro e vice versa, de questionar, de repetir, revisitar, redundar, explorar, abandonar... Todas essas premissas e expectativas mal resolvidas são o que, para mim, instigam os preconceitos de que ao abandonar essas correntes, tanto criador e criatura, perdem em essência e potência na mesma proporção que as trocas ganham valor.

O caminho do artista é aquele que ele se dá no presente!

A Agudah essência é o que Paulo Nazareth não nos deixa esquecer. Aqui o Cubo se Espanca! Itinera, transmuta, divide o espaço em dois, o espaço dos que não foram e daqueles que foram e só retornaram nas heranças das memórias dos outros, sem jamais retornarem seus corpos...


NAZARETH, Paulo, Agudah, 2013, Video P&B, som, 11'51".
Fonte: acervo do artista.

Uma Volumetria de potência é o que Marco Paulo Rolla faz questão de compartilhar, com atores e personagens, nos desdobramentos do vídeo para o real, da ficção da tela para a ficção do concreto, dos corpos duros de móveis, para corpos móveis e moles, no som rasteiro do monte, no ato de amontoar... 


Marco Paulo Rolla; et all. Volumetria, 2013,  instalação-performance com móveis, objetos diversos e cabelo artificial, microfones condensadores e sistema de amplificação de som ao vivo; projeção do vídeo: Objetos de desejo, 1999, cor, 20 minutos.

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