quinta-feira, 15 de março de 2012

Homenagem a Fontana-Leirner


O projeto consiste em enviar um e-mail para Nelson Leirner, oferecendo-lhe um de meus trabalhos: Não Tocar, Nem gozar; em troca de um exemplar do seu trabalho: Homenagem a Fontana; para juntá-los num trabalho chamado: Homenagem a Fontana-Leirner. 





Não Tocar, Nem Gozar - pilha selada de 80 revistas playboy de 1982 à 2001 - 60 x 30 x 20cm - 2011.



Nelson Leirner, Homenagem a Fontana I, múltiplo, 1,80 x 1,25 cm, 1967


Como apreciador da ironia de Leirner, na arte contemporânea, me inspirei na mesma para acrescentar um objeto: o Passarinho da Zorba (o boneco e não sua imagem), em sua Homenagem a Fontana, e para oferecer - a algum museu ou colecionador - colocá-la lado a lado à uma pintura de Fontana. Com isso a nova dinâmica criada entre as obras reforçaria a ironia em ambas.

Lúcio Fontana,
Conceito Espacial, 
74,8 x 60,5 cm, 
1965/1966.
















Flávio CRO, Homenagem a Fontana-Leirner, díptico, técnica mista.


Claro que se não aceitassem só me restaria a ideia de apropriar-me da própria ideia. 

Uma vez que as duas imagens sempre me pareceram sexualmente afins... seria um crime mantê-las à distância.

terça-feira, 13 de março de 2012

Pintura Além da Pintura, Após o Fim da Arte e Sobre as Ruínas do Museu


Iniciei o ano de 2012 com uma permuta de pinturas com um colega artista: Pedro Hostalácio, ele ficou com a minha, ainda esticada, e eu levei a dele, enrolada e amarrada com um pedaço de plástico. Muito o surpreendi quando, em uma visita, ele a viu pendurada na parede ainda enrolada e atada com o plástico. A partir desse dia comecei a enrolar todas as minhas pinturas e amarra-las com sacolinhas de chupe-chupe, numa atitude irônica de discutir a arte contemporânea através das mesmas.


Sem Título/Pintura Além da Pintura, Após o Fim da Arte e Sobre as Ruínas do Museu, ...2012, dimensões variadas, coleções particulares.

Projeto Ausência da Presença: Objeto Para Ausência de Encontros




Terminar

Após a mostra dos premiados da Escola Guignard, a pesquisa fotográfica do projeto Ausência da Presença foi se esgotando, os motivos que me levaram a realizá-la já não se mostravam mais tão presentes e nem mesmo persistindo na realização de imagens, isso já não condizia mais com algo da minha vontade, mas sim com um
costume adquirido. Mais em decorrência de um acidente, parei de produzir essas imagens, porque o celular com o qual as realizava partiu sua tela ao meio, numa diagonal, impossibilitando a visualização da interface, o que me obrigou à finalização 
da produção de imagens. Ainda assim considerei o trabalho não finalizado, pois sentia a necessidade de um último objeto que fechasse o projeto, objeto esse que deveria tecer uma linha de ligação com seus precursores.

A apresentação visual do último objeto foi inspirada no meu projeto de habilitação em fotografia na Escola Guignard, em 2008, chamado PopFluxusCorn, que consistiu em assistir, como um orientador/professor, uma pessoa que não se considerasse artista, possibilitando-lhe a criação de um trabalho artístico próprio a fim de que fosse exposto num espaço de arte consagrado, e de com isso testar os limites da proposição de Beuys e Warhol, a de que todos podem ser artistas. Para tanto escolhi – como forma de homenagem – a mesma pessoa que me levou às questões iniciais do projeto Ausência da Presença, minha namorada na época: Vivian Cotta. PopFluxusCorn começou em 2006, dois anos antes do término do relacionamento e se 
mesclou com o início do projeto que venho discutindo. Sua apresentação foi feita no formato de postais, colocados à disposição dos frequentadores de determinados locais, os quais foram significantes para nós durante o relacionamento.








COTTA, V.; CRO, F. ; (…). PopFluxusCorn, 2006 à 2008, detalhes, 15 x 10 cm (postais).

O último: Objeto Para Ausência de Encontros. Consiste de dez imagens, dispostas em 2 porta-retratos, de aço e plástico, com 5 expositores de imagens em cada, unidos por argolas, que podem disponibilizar as fotografias no formato de postais, 10 x 15cm, sendo 0,5cm de bordas brancas, e 9,5 x 14,5cm de imagem em P&B alto contraste – recortes da paisagem urbana belorizontina – , mesclada com trechos de uma carta de amor terminado. Encontra-se disponível nos mesmos locais do projeto PopFluxusCorn. Fechando o ciclo em diferentes pontos da cidade, o trabalho, torna-se algo presente na mesma, uma vez que ao atiçar seu público alvo – os colecionadores de postais –, estes são rapidamente por eles consumidos, gerando assim a oportunidade de compor com o trabalho, utilizando-se daquilo que lhe é implícito, ir ao encontro de outros e criar um diálogo com aqueles presentes na cidade.



Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, díptico, 16 x 73 x 16 cm (cada).




 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).





 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).





 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).




 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).

 



 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).





 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).




 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).


 


 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).


 


 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).


 

 Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, frente de um dos postais, 15 x 10 cm (cada).


Objeto Para Ausência de Encontros, 2011, verso dos postais, 15 x 10 cm.

Objeto Para Ausência da Presença

Consumar

Durante a abertura da X Mostra Interna da Escola Guignard, em primeiro de outubro de 2008, ocorrida na galeria da Escola Guignard, divulgou-se o resultado dos premiados da X Mostra, meu nome constou como um deles. O Grande prêmio da noite, uma viagem a Bienal, de São Paulo, foi conquistado por Warley Desali; minha premiação constou de um livro/catálogo, de Antônio Dias, e da participação, no ano seguinte, na X Mostra dos Premiados da Escola Guignard. Tal resultado me estimulou a dar continuidade à pesquisa fotográfica, pois para mim seus motivos não haviam se esgotado, apenas se transformado, e aproveitando a oportunidade de expor os demais resultados da pesquisa, apresentei outro objeto fotográfico, intitulado: Objeto Para Ausência da Presença, na X Mostra dos Premiados da Escola Guignard, a abertura se deu- no dia dezessete de março de 2009, na Galeria da Escola Guignard.




Objeto Para Ausência da Presença, 2009, técnica mista, 100 x 100 x 200cm 






O objeto consiste numa cama de armação metálica, cujo colchão foi substituído por 113 fotografias, todas em P&B alto contraste, no formato de 10 x 10cm, com os seus 5 x 5cm centrais consistindo num recorte fotográfico da paisagem urbana de Belo Horizonte, e 2,5cm de bordas negras; pregadas ao estrado da cama por 226 pregos (2 por imagem). O objeto, uma cama, para mim funciona como mais uma forma de metáfora, no caso da relação do casal. É onde a relação carnal é consumada, é o local, no qual os laços físicos são estreitados, onde os sentimentos, a afetividade é convertida ou compartilhada no prazer sexual, é um convite ao desejo. A cama, aqui, lotada de pregos, com imagens negras substituindo o colchão, mostra aspereza e dureza, e já não mais se presta à satisfação dos desejos. Ela nega sua possibilidade, pois mesmo um faquir apresentaria dificuldade em lidar com esse tipo de dor, o metal frio e negro, os pregos, as fotografias não são convidativas a um enlace amoroso. A cama está vazia, – não há casal – ali se deita a paisagem urbana, pregada e estática, diferentemente do primeiro objeto, este não é convidativo ao espectador, a uma dinâmica. A cama o repele, lembrando-o da dor, do sofrimento e da perda, ela o mantém à distância, a uma distância equivalente àquela que nos mantemos da paisagem. Quer-se aproximar, tocar, sentir. Ao mesmo tempo não se quer, pois a dor é algo presente como probabilidade numa relação, algo que se deve evitar no reino do possível, e só raramente ser encarada como aprendizado.


Objeto Para Lembranças de Encontros Inexistentes

Enamorar

Em razão da abertura do edital para a X Mostra interna da Escola Guignard (2008), surgiu à oportunidade de demonstrar o resultado das pesquisas fotográficas, realizadas ao longo daquele ano, bem como de articular a forma de apresentação das mesmas. Por ocasião das andanças, encontrei, por acaso, na Livraria Leitura do Pátio Savassi um porta-retratos que casava em um único objeto as imagens fotográficas, possibilitando a expansão da sua discussão estética. O acaso como decorrente de minha errância tornou-se aí um aliado:

Mas o que é o acaso em arte? [...] O que a psicanálise quer dizer é que
a nossa mente, consciente e pré-consciente, tende sempre a guiar e 
influenciar a maneira pela qual reagimos a acidentes. O borrão de tinta 
é um evento aleatório, como reagimos a ele, é determinado pelo nosso 
passado. […] O artista pode temer o acaso, o inesperado, aquilo que 
parece dotar a imagem criada de vida própria; ou pode recebê-lo com 
alegria, como a um aliado que lhe expande os limites da linguagem. 
(GOMBRICH, E. H. Arte e Ilusão: um estudo da psicologia da 
representação pictórica; São Paulo, 1986, p. 312/313)

Portanto, seguindo minha construção mental, na qual o número 2 era essencial, passei, então, a procurar em todas as Leituras da cidade o outro elemento do par para o trabalho; Depois de muitos desencontros, consegui encontrá-lo na Livraria Leitura do BH Shopping. Assim, a primeira forma de apresentação da pesquisa se deu a partir de um conjunto de dois porta-retratos, de madeira e aço, no formato de rodas-gigantes: um deles contendo dez imagens fotográficas diferentes, cinco de um dos lados e cinco do outro, e o outro dez imagens negras, todas no formato 12 x 8cm, todas em P&B alto contraste; batizado: Objeto Para Lembranças de Encontros Inexistentes.




Objeto Para Lembranças de Encontros Inexistentes, 2008, técnica mista, díptico, 33 x 24 x 20cm (cada)